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Quadrados Na Bola

Released in Thu Feb 09 2023

About

“Quadrados na Bola” é uma suíte / EP que reúne aquilo de mais soturno que tenho em termos de composição. Melancolia que vem da experiência de viver 16 anos no Rio de Janeiro (dos 18 aos 34). Sim, há uma parte melancólica desta experiência numa cidade / país que te exige a felicidade, onde a obrigação da felicidade fundamenta seu Marketing / Mito. O caminho da inquietude sempre originou minha curiosidade. Sou filho de imigrantes de distintas gerações, minha filha e sua mãe são frutos de imigração. A distância e o pertencimento para mim são eternas construções. Mapear a cidade, o tanto que pude, e descobrir seus corredores, fiz ao lado de imigrantes. E assim, como artista, frequentei amizades de diversas ampolas urbanas: as fofocas e folclores das chamadas escolas de elite, os movimentos espontâneos e desorganizados das universidades, grupos de capoeira, grupos de poesias e saraus, rodas de rap, bailes em favela, cordões de arte contemporânea, blocos, forrós, sambas, chorinhos, rodas de cultura popular, etc.. Enfim, sempre gostei de conhecer expressões e pessoas. Tudo isso é feliz e triste, sem escapatória, é torpor e perseverança. Em meio a obrigação da festa ou da militância, há uma luta constante por mobilidade social, fama ou notoriedade. Julgamento e auto-julgamento em retroalimentação. Como disse, uma pequena parte de mim viu essas coisas, dentro de um privilégio que me assegurou - num amplo conjunto de fatores. “Quadrados na Bola” é um pouco dessa experiência de vida cosmopolita e extremamente urbana, um pouco da dificuldade de associação nesse projeto, um pouco da tristeza coletiva e individual de muitos que sonham com um lugar mais justo e melhor e se perdem em si. Não é um trabalho fácil de ouvir, assim como não foi fácil compor. Canalizar essas músicas pressupunha um estado de aterradora angústia e esvaziamento, uma solidão reveladora. Mas, ao criá-las, me senti mais vivo e capaz, e por isso há nelas uma honestidade que talvez nenhum outro trabalho meu tenha. Crítico e pesado, pois a tristeza não é tão falseável como a alegria. Gravada em tomada única, com ajudo do Guizito, logo dos primeiros meses do Estúdio Frigideira, ainda sem biombos, dividi a sala com o amigo e saxofonista Scott Hill. Scott é uma das almas mais generosas que conheço, tendo no Free Jazz sua pista de decolagem, foi o parceiro perfeito neste universo menor que dia 8 de fevereiro ofereço ao futuro - tornando-o público como um retrato 3/4 de uma desilusão.

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